terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Dos males, o menor


Logo eu, crítico implacável das "mazelas" da cidade (que na verdade são mazelas não tão evidentes assim), pego-me às vezes reconhecendo, para mim mesmo, que Santos tem seus méritos. Viver na Santos em que nasci, cresci e fui educado, uma Santos em que se captam imagens como a postada acima em um entardecer agradável de primavera, tem lá suas vantagens.
Fora as idéias (e atitudes) provincianas e bairristas de seu povo, os péssimos hábitos caiçaras que ignoram qualquer norma básica de educação, a burguesia falida, alienada, que cultua o ócio e paga pela manutenção da mediocridade das colunas sociais, a falta de visão corporativa dos próprios empresários (tão provincianos quanto quem os mantém empresários), a falta de profissionais qualificados até mesmo para funções aparentemente simples, o mercado de trabalho restrito, o paternalismo e clientelismo que alimentam a injustiça, a desigualdade velada, fora a estúpida engenharia de tráfego que não consegue sincronizar os semáforos de uma única avenida, a inabilidade dos motoristas, o mar de esgoto, o calor insuportavelmente úmido que deixa a blusa permanentemente grudada ao corpo durante 24 horas em pelo menos 350 dias do ano (nos outros 15 dias, o mormaço dá lugar à chuva fina e às ressacas do mar que sempre fod... a cidade)... fora tudo isso, até que Santos oferece qualidade de vida. É afinal, a quinta no quesito, nesse vasto país em ruínas. Dos males, o menor.